A Irmandade dos Rosário é uma comunidade negra e atua informalmente preservando a cultura e as tradições da família Aviz do Rosário, originária dos Campos de Bragança - nordeste do Pará. Parte da família veio para a zona metropolitana de Belém através dos fluxos migratórios, mas mesmo na cidade tentam manter os costumes de sua cultura de origem.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Matéria de TV sobre o Cineclube, com a Marceli.

Instituto Nangetu: Vídeo - registro da presença de macacos na mata do...

Instituto Nangetu: Vídeo - registro da presença de macacos na mata do sítio

Projeto Magia de Jinsaba - sem folhas não tem ritual.
Instituto Nangetu e Irmandade dos Rosário.
Projeto de Preservação Ambiental.
Reflorestamento e menutenção da mata do sítio em Ananindeua/PA.

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sexta-feira, 2 de março de 2012

Construindo mapas com as crianças do projeto SEMEAR.


Vocês podem me mostrar onde é que vocês moram? Com esta pergunta a artista paulista Graziela Kunsch iniciou uma conversa com as crianças do projeto SEMEAR - semeando hoje o futuro do amanhã -, na sede campestre da ASSIPREB, localizada na rua Dona Ana, em Ananindeua, no dia 23 de fevereiro de 2012. As crianças, que vivem nas comunidades ao redor da rua Dona Ana - Sta. Helena, Jardim Botânico, Samambaia, São José, Geraldo Palmeira, Nova Independência, Maria Pantoja, Nair Cabral e Fernando Correia - se dividiram em grupos e se debruçaram em cartolinas, pincéis atômicos e giz de cera para representar no papel os lugares que são importantes para a vida delas. Foram desenhados mapas com as casas onde moram, as igrejas das diversas religiões, a mata que dá o nome para a comunidade do Jardim Botânico, o rio Uriboca, seus espaços de brincadeiras (como o Cineclube da Irmandade dos Rosário na alameda Alcebíades e a prática de esportes no clube da ASSIPREB) e as casas das quituteiras onde costumam merendar. As situações de perigo também foram identificadas, entre elas a localização de escolas - quase todas distantes das comunidades -, a ponte improvisada sobre o rio Uriboca, a travessia da BR 316 e a longa distância até as paradas de ônibus.


No dia seguinte as crianças assistiram aos vídeos do Projeto Mutirão, desenvolvido pela artista em colaboração com diversos movimentos sociais, e conversaram sobre o que poderia ser diferente no local onde moram. Ali duas ideias ganharam força: desenvolver uma placa bem grande para identificar a rua Dona Ana, quando se chega pela BR (a rua não tem placa e nenhuma das comunidades está nos mapas oficiais de Ananindeua); e plantar mudas de pés de jambo pelas ruas.


A ideia da placa foi inspirada nas placas de rua feitas à mão colocadas dentro da Comunidade Jardim Botânico e a ideia dos pés de jambo nasceu a partir de um relato de Arthur Leandro, que antes de se tornar morador da área ia ali aos finais de semana, há 44 anos, para brincar no quintal da casa de seu avô (chamado Alcebíades, é por isso que a alameda onde está a casa se chama Alcebíades!). Nesse quintal dava para tomar banho de rio e ver tatus, cotias, jacarés, jibóias, veados, peixes como puraqués, jandiás, acarás e jijus, pássaros aquáticos como socós e manguaris, marrecas e garças. As crianças ficaram sensibilizadas sobre o quase desaparecimento da mata e pensaram nos pés de jambo, que faz parte da identidade da cidade de Ananindeua e é uma fruta muito gostosa.

A pavimentação das ruas de terra com asfalto também apareceu como desejo em vários relatos dos moradores e das moradoras, anseio de um dia poderem chegar a seus destinos sem ter de atravessar ruas enlameadas. Arthur falou então que a pavimentação não precisa ser com asfalto, que o asfalto eleva a temperatura da cidade e não permite a absorção de água pelo solo - o que afeta as nascentes de água e causa impactos ambientais irreversíveis -, e disse que existem outros materiais que podem pavimentar as ruas sem causar esses impactos, como os bloquetes intertravados, e que essa pavimentação aliada à sombra que virá com a arborização urbana dos pés de jambo vai proporcionar maior conforto ambiental para a área.

Para o projeto SEMEAR os mapas construídos com as percepções e desejo de futuro das crianças poderão ajudar a construir uma pauta de negociação das associações de moradores com a prefeitura de Ananindeua.

O Projeto SEMEAR é desenvolvido pelo conselho das associações de moradores das comunidades Sta. Helena, Jardim Botânico, Samambaia, São José, Geraldo Palmeira, Nova Independência, Maria Pantoja, Nair Cabral e Fernando Correia e tem o apoio da Irmandade dos Rosário.


Roda de conversa do Projeto Mutirão

Aproveitando a passagem de Graziela Kunsch por Ananindeua na semana do carnaval, a Irmandade promoveu uma roda de conversa para mostrar o Projeto Mutirão para os jovens da Irmandade. Também participaram e apresentaram seus trabalhos os artistas da rede[aparelho]-: Fernando de Pádua e Bruna Suelen.

Os artistas mostraram seus trabalhos para os jovens da Irmandade e propuseram assuntos que relacionavam arte e política, participação social e trabalho comunitário. Falaram da cidade como um campo de lutas onde interesses diversos se enfrentam, e que essa divergência de interesses por vezes se transformam em conflitos. “Há diferentes projetos de cidade em conflito; qual é o projeto de vocês para a cidade onde moram?”, perguntou Graziela para os jovens enquanto mostrava vídeos do pessoal transformando terrenos abandonados em local de moradia compartilhada, desenhando ciclofaixas nos asfaltos e pulando catracas dos ônibus.

Em meio aos vídeos do Projeto Mutirão estava uma ação de rebatismo popular da avenida Jornalista Roberto Marinho para avenida Jornalista Vladimir Herzog, em São Paulo. Na sequência desse vídeo, Arthur Leandro, responsável pelo cineclube, mostrou o vídeo “7 de janeiro 2007 - 172 anos de Cabanagem”, de homenagem a Eduardo Angelim, líder Cabano, que mostra o rebatismo popular da rua 13 de maio, em Belém, para rua 7 de janeiro. Explicamos: Angelim residia na rua Formosa, que depois mudou de nome para a atual 13 de maio. Mas quem pensa que o nome tem algo a ver com libertação dos escravos está muito enganado. 13 de maio de 1836, data que a rua 13 de maio homenageia, foi a data em que os legalistas se apoderaram da cidade de Belém. É a data que comemora a rendição de Angelim. A data em que Belém foi bombardeada. O nome da rua foi dado em memória da vitória das forças legalistas portuguesas sob o comando do Comandante de Armas Francisco José de Souza Soares de Andréa. Já 7 de janeiro de 1835 foi o dia em que os cabanos sairam do Murucutu e tomaram de assalto a cidade de Belém... No vídeo, 172 anos depois, Eduardo Angelim recebe a homenagem de ter o nome da rua onde viveu batizada com a data de sua vitória.












Laysa Santos, estudante de 15 anos, disse que achou muito legais as manifestações em São Paulo pelo passe livre (a gratuidade no transporte coletivo) e o rabatismo das ruas em Belém e Sâo Paulo, e que “não sabia que a meia passagem que uso tinha sido conquistada em confronto de estudantes com a polícia, pensava que essas coisas sempre existiram”. Laysa também considerou importante saber sobre a luta pela criação e demarcação de ciclovias nas ruas.

No decorrer da conversa os problemas enfrentados pela Irmandade dos Rosário e pelas comunidades vizinhas também entraram na pauta, e trouxeram para a conversa uma outra forma de participação social, a participação em mutirão onde as próprias comunidades se juntam para resolver os problemas que lhe atingem e que os prefeitos e governos fingem não conhecer. Grazi então falou da experiência que tinha tido nos dias anteriores com as crianças do Projeto SEMEAR, e disse que o Arthur Leandro havia falado da preocupação ambiental com o processo de urbanização no entorno da rua Dona Ana, e que havia proposto arborizar as ruas das comunidades com jambeiros, que é uma fruta nativa das matas de Ananinduea e que na época da florada deixa um tapete cor de rosa no caminho de sua sombra.

Foi quando os jovens se comprometeram em reciclar embalagens “longa vida” e garrafas de plástico para fazer um viveiro de mudas dos jambeiros do sítio para no futuro envolverem os vizinhos em um mutirão para plantio comunitário de jambeiros nas ruas das ocupações da Dona Ana.


quinta-feira, 1 de março de 2012

Bloco anima a comunidade e promove o carnaval da floresta.

Foi no domingo de carnaval deste ano de 2012 (19 de fevereiro) que a Irmandade dos Rosário saiu com o Bloco da Irmandade em cordão de cortejo carnavalesco pelas comunidades Jardim Botânico, Parque São José, Nair Cabral e Geraldo Palmeira. As fantasias foram construídas à partir da reciclagem dos figurinos das manifestações culturais da Irmandade, e tanto lembravam as personagens tradicionais de carnaval e do entrudo como retratavam personagens de filmes e de programas de televisão, e ainda tiveram aquelas que traziam a memória de lendas e mitos amazônidas. e o som do carro foi o amplificador dos sambas que animaram a festa.

No trajeto pelas ruas das comunidades encontraram com outros cordões carnavalescos e juntos animaram a folia em Ananindeua, animação que nem a forte chuva amansou...